Na casa dos pronomes
Monteiro Lobato
— E fora os Pronomes Pessoais não há outros?
— Há sim, disse Eu - moram aqui na casa
ao lado. Uns pobres coitados. . .
Os meninos despediram-se do
Pronome Eu para irem visitar os "coitados"
da outra casa, muito admirados da petulância e orgulho daquele pronominho tão
curto.
— Parece que tem o presidente
da República na barriga — comentou a boneca.
E parecia mesmo. . .
Na outra casa os meninos
encontraram os Pronomes Possessivos, Meu, Teu, Seu, Nosso, Vosso e Seus com
as respectivas esposas e com os plurais. Emília, que achava as palavras Meu e Minha as mais gostosas de quantas existem, agarrou o casalzinho e
deu um beijo no nariz de cada uma, dizendo: meus amores!
Depois encontraram os Pronomes
Demonstrativos — Este, Esse,Aquele,
Mesmo,Próprio, Tal, etc., com as suas respectivas esposas e parentes. As
esposas eram Esta, Essa, Aquela, Mesma, Própria, etc., e os parentes eram Essoutro, Estoutro, Aqueloutro ,etc.
— Muito bem — disse Narizinho. — Vamos adiante. Vejo alguns senhores muito conhecidos.
De fato, mais adiante os
meninos encontraram os Pronomes Indefinidos, muito familiares a todos do
bandinho. Eram eles: Algum, Nenhum, Outro, Todo, Tanto, Pouco, Muito, Menos,
Qualquer, Certo, Vários, etc.,
com as suas respectivas formas femininas e os competentes plurais.
— São umas palavrinhas muito boas, que a gente emprega a toda a hora — comentou Emília, sem entretanto beijar o nariz de nenhuma.
Havia ainda os Pronomes
Relativos, que servem para indicar uma coisa que está para trás. Eram eles: Que,
Quem, O Qual, Cujo, Onde, etc., com as suas respectivas esposas e plurais.
Quindim exemplificou:
— O Visconde, cuja cartolinha sumiu, está danado. Nesta frase, o pronome Cuja refere-se
a uma coisa que ficou para trás.
De fato, o Visconde havia perdido a sua
cartolinha na aventura com as Palavras Obscenas.
Deixara-a para trás.
— Continue, Quindim — pediu Emília, e o rinoceronte continuou.
— Temos, por fim, os Pronomes Interrogativos que servem para fazer perguntas. Todos usam um
Ponto de Interrogação no fim, para que a gente veja que são perguntativos.
E os meninos viram lá os
Interrogativos: Quê? Qual? Quanto? Quem?
Emília gostou de conhecer
aqueles Pronomes. Ela era a boneca que mais trabalho dava aos Senhores Pronomes Interrogativos.
(Monteiro Lobato, Emília no País da Gramática)
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