quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Na casa dos pronomes

Monteiro Lobato


 E fora os Pronomes Pessoais não há outros?
 — Há sim, disse Eu -  moram aqui na casa ao lado. Uns pobres coitados. . .
Os meninos despediram-se do Pronome Eu para irem visitar os "coitados" da outra casa, muito admirados da petulância e orgulho daquele pronominho tão curto. 
 Parece que tem o presidente da República na barriga — comentou a boneca.
E parecia mesmo. . .
Na outra casa os meninos encontraram os Pronomes Possessivos, Meu, Teu, Seu, Nosso, Vosso e Seus com as respectivas esposas e com os plurais. Emília, que achava as palavras Meu e Minha as mais gostosas de quantas existem, agarrou o casalzinho e deu um beijo no nariz de cada uma, dizendo:  meus amores!
Depois encontraram os Pronomes Demonstrativos — Este, Esse,Aquele, Mesmo,Próprio, Tal, etc., com as suas respectivas esposas e parentes. As esposas eram Esta, Essa, Aquela, Mesma, Própria, etc., e os parentes eram Essoutro, Estoutro, Aqueloutro  ,etc. 
 Muito bem — disse Narizinho. — Vamos adiante. Vejo alguns senhores muito conhecidos.
De fato, mais adiante os meninos encontraram os Pronomes Indefinidos, muito familiares a todos do bandinho. Eram eles: Algum, Nenhum, Outro, Todo, Tanto, Pouco, Muito, Menos, Qualquer, Certo, Vários, etc., com as suas respectivas formas femininas e os competentes plurais. 
 São umas palavrinhas muito boas, que a gente emprega a toda a hora — comentou Emília, sem entretanto beijar o nariz de nenhuma.
Havia ainda os Pronomes Relativos, que servem para indicar uma coisa que está para trás. Eram eles: Que, Quem, O Qual, Cujo, Onde, etc., com as suas respectivas esposas e plurais. Quindim exemplificou: 
 O Visconde, cuja cartolinha sumiu, está danado. Nesta frase, o pronome Cuja refere-se a uma coisa que ficou para trás.
 De fato, o Visconde havia perdido a sua cartolinha na aventura com as Palavras Obscenas. Deixara-a para trás. 
 Continue, Quindim  pediu Emília, e o rinoceronte continuou. 
 Temos, por fim, os Pronomes Interrogativos que servem para fazer perguntas. Todos usam um Ponto de Interrogação no fim, para que a gente veja que são perguntativos.
E os meninos viram lá os Interrogativos: Quê? Qual? Quanto? Quem? 
 Emília gostou de conhecer aqueles Pronomes. Ela era a boneca que mais trabalho dava aos Senhores Pronomes Interrogativos.


(Monteiro Lobato, Emília no País da Gramática)




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